Não consigo começar a trabalhar

Jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, no blog do programa de treinamento da Folha de S. Paulo fornece dicas para começar a trabalhar num veículo grande:

1. Inscreva-se em programas de treinamento ou estágios

A Folha faz duas vezes por ano, em geral, o Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha. A partir de 19 de março, as atividades da 43ª turma poderão ser acompanhadas neste blog.

Há programas também em outros veículos: Curso Abril de Jornalismo; Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado do “Estado de S.Paulo”; Programa Multimídia e Primeiros Passos da Infoglobo - “O Globo”, “Extra”, Globo On Line, rádios CBN e Globo AM (quando há vagas, as inscrições são feitas no site da Globo ou no do sistema de rádios) e Programa Estagiar da Rede Globo

Programas são muito concorridos (o da Folha recebe 2 mil inscrições para dez vagas), mas critérios de seleção são bem variados e ninguém perde nada por tentar.

A Folha, por exemplo, valoriza não só candidatos com currículos excepcionais mas também os que têm experiências ricas de vida e sabem se expressar de forma interessante e articulada.

Não conheço uma central que informe todos os estágios disponíveis, mas eles costumam ser acordos feitos entre veículos, universidades e sindicatos. Informe-se na sua escola e no sindicato da sua cidade.

2. Participe de concursos

A Folha e o “Agora São Paulo” publicam anúncios quando têm vagas

Em geral, é preciso mandar currículo e um texto ou reportagens já publicadas.

O coordenador da Agência Folha, Julio Veríssimo, analisa os mais de 500 currículos que recebeu para uma vaga de repórter

O editor avalia os currículos e seleciona cerca de dez para um teste. De três a cinco candidatos fazem ainda uma entrevista com o editor, a Secretaria de Redação e a Editoria de Treinamento.

Não vale a pena sair distribuindo currículos a torto e a direito. Editores são superatribulados e não vão olhar mensagens de quem não conhecem ou currículos que não pediram.

Para participar de um concurso, prefira currículo conciso e direto: dados pessoais, formação escolar (faculdade, curso e ano de conclusão), experiência profissional (veículo, cargo e data), idiomas que domina. Não mande certificados nem inclua informações irrelevantes.

Se nunca tiver trabalhado, escreva parágrafo no início explicando por que o editor deveria chamá-la para conversa, apesar da sua falta de experiência –ou seja, que qualidades você tem que compensam a inexperiência.

Não recorra a sentimentalismos. Não peça “uma chance” nem diga que precisa trabalhar pelo-amor-de-deus. Seja objetivo, descreva suas qualidades, seus pontos fortes e seus projetos. Mostre que você conhece o projeto do jornal e como pode contribuir com ele. Mas seja breve.

3. Ofereça boas pautas, como free-lancer, para mostrar seu trabalho e ganhar a confiança dos editores

Todo editor adora uma boa pauta. Se tiver sugestão, procure o editor e convença-o a contratá-lo como frila, para que ele veja do que você é capaz.

Se não der certo da primeira vez, descubra por que sua oferta foi recusada: a pauta é ruim? Inadequada para o projeto do veículo? O editor não tem verba no momento?

Insista para obter resposta, pois você precisará tomar atitudes diferentes dependendo do motivo.

Por mais chato que seja receber críticas ou ser recusada, deixe sempre claro que você quer ter avaliação honesta da sua proposta, que você agüenta o tranco e está preparada para aprender com ele.

4. Faça (e mantenha) contatos

Jornais que não fazem concursos públicos recorrem muitas vezes a pessoas indicadas. Isso não acontece por amor às panelinhas, mas porque, para o editor, é mais seguro chamar quem já é conhecido de alguém que contratar um desconhecido total.

Embora onsidere essa forma de seleção precária e limitada, ela existe, e há maneira honesta e séria de fazê-la funcionar a seu favor.

Faça parcerias durante a faculdade, empenhe-se nos trabalhos em grupo, leve os jornais laboratório a sério, participe de grupos de estudo, colabore de boa vontade com seus colegas, ensine-os e aprenda com eles, compartilhe informação.

Um jornal que recorre a indicações vai pedi-las a seus próprios jornalistas e, às vezes, a professores da universidade. Não há nada de errado em você ser indicado por suas boas qualidades profissionais, por seu talento e por seu empenho.

Ter vontade não implica imediatamente ser persistente. Tem gente que tem muita vontade de trabalhar, mas fica parada esperando as coisas caírem do céu. Em jornalismo, quase nada cai do céu. É preciso ir atrás, procurar, insistir, persistir.