Cinema Xavante
Agência Focaia
Reportagem
Pedro Rezende
fotos: Núcleo de Produção Digital
O Núcleo de
Produção Digital (NPD) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) realizaram entre quarta-feira (30) e sexta-feira (02) a I
Mostra de Cinema Xavante, no Auditório do Sindicato
dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (SINTEP/MT), em Barra do
Garças. Durante o evento foram apresentadas sessões de cinema e oficinas de
produção audiovisual. Conforme os organizadores, a I Mostra de Cinema Xavante teve
como objetivo à promoção, divulgação e debate sobre a produção audiovisual dos
povos originários em geral.
No evento foram feitas
exibições de documentários e realizados debates com participação do público, no
período noturno, além de sessões reservadas para escolas de primeiro e segundo
graus no período matutino. Na UFMT, Campus Araguaia, foram feitas oficinas de
produção audiovisual para indígenas e estudantes universitários presentes nas amostras receberão certificados de participação.
Segundo o
professor de Jornalismo da UFMT e um dos organizadores do evento, Gilson
Costta, a primeira grande temática que relaciona os três dias de amostras é a
nação xavante, e, durante os filmes assistidos, temos subtemas a respeito da
cultura, dos ritos de passagem para a vida a adulta, iniciação na vida social e
sobre as questões políticas que envolvem a luta pela demarcação do território e
pelos direitos indígenas. O docente complementa, dizendo que “metade dos
filmes que foram exibidos são feitos por realizadores indígenas”. Quando a
produção não é feita somente pelos Xavantes é realizada em parceria com ONG’s, instituições de
terceiro setor, cineastas independentes, observa.
Olhar indígena
O cineasta
xavante, Divino Tserewahú, produtor da média-metragem “Daritidzé – Aprendiz de curador”, diz em entrevista que é
importante passar um filme sobre os xavantes, dirigido sob o olhar de um
indígena para os brancos, partindo da percepção de que a visão de um indígena é
diferente de um não indígena. Para ele um filme dirigido por um cineasta
xavante, direcionado à sua comunidade, seria diferente do que foi produzido
para os espectadores brancos. Como resume, “eu estou produzindo uma versão para
mostrar para público não indígena, é um outro olhar, um outro conhecimento, uma
outra versão.”
O Indígena
Cleudimilson Xavante relata que os filmes “seguram” a sua cultura, “não estamos
no papel, mas registramos com vídeo. É bom para nossa geração, para aprender
bem através do vídeo, para fazer o estudo dos nossos antepassados.” Uma
questão que permite esse tipo de discurso é (preservar e evitar ao longo do
tempo) o enfraquecimento da cultura. Os anciões das aldeias apresentadas nos
filmes, assim como o cineasta Tserewahú, ao se
expressarem, mostraram-se preocupados com a transmissão de conhecimento indígena, ao
dizer que “o filme é um ato de resistência da memória”. Assim, conforme sinaliza, o cinema é uma forma manter
viva a cultura dos Xavantes e indígenas brasileiros, quanto aos
registros da história, linguagem e costumes.