Revista especializada
americana questiona medidas tomadas pelo governo interino de Michel Temer e
aponta como retrocesso mudanças na pasta da Ciência e emenda que simplifica
licenciamento de grandes obras.
Em tom
pessimista, um artigo publicado na última edição da prestigiada revista
americana Science avalia
que a ciência e o meio ambiente no Brasil estão “sobre a tábua de cortes” e
correm o risco de sofrer retrocessos diante da atual crise.
“Poucas
semanas após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, é difícil afirmar o
que vai acontecer com a ciência e o meio ambiente”, diz o texto, publicado na
última sexta-feira (27). “No meio da turbulência política do Brasil, cientistas
e ambientalistas se perguntam se têm no presidente interino Michel Temer um
inimigo.”
A
análise da correspondente para América Latina da Science, Lizzie Wade, aponta
que a incorporação da pasta das Comunicações ao antigo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação preocupa a comunidade científica. Ao mesmo tempo,
ativistas reagem com temor à aprovação de uma emenda que derruba o atual
processo de licenciamento ambiental para grandes obras.
“Dias
depois de tomar o poder, ele [o novo governo interino] fundiu os ministérios da
Ciência e Comunicações, deixando pesquisadores com medo do que será feito dos
seus já reduzidos orçamentos”, escreve. Enquanto isso, “forças
pró-desenvolvimento avançam com uma emenda constitucional que pode acelerar a
aprovação de barragens, rodovias, minas e outros mega projetos”.
A
intenção de Temer de cortar os gastos do governo e impulsionar os negócios gera
apreensão nos setores. “Estamos muito preocupados com essas ações, que
representam a degradação da ciência e da inovação no país”, afirma à revista o
presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich.