Eu era feliz com o meu corpo. Eu não conhecia os padrões de beleza estabelecidos pela sociedade. Aos 12 anos, enquanto minhas amigas já tinham o corpo desenvolvido e eu continuava bastante magra, comecei a ser oprimida. Os comentários partiam tanto das meninas, como -e principalmente- dos meninos.
Quando eu inocentemente vestia alguma roupa curta, tinha que lidar com comentários do tipo: “Você está querendo mostrar o quê?”
Quando usava biquíni, me perguntavam:
"Cadê os seus peitos?"
Incapazes de ver que a minha magreza se dava por fatores genéticos, fui muitas vezes chamada de anoréxica; pelos meus seios quase inexistentes, pela minha bunda pequena, e pela minhas pernas que não grudavam uma na outra.
Por um bom tempo, me deixei levar pelo o que me falavam. Cheguei ao ponto de vestir duas calças pra “engrossar” as coxas e a bunda, e meias no sutiã pra dar volume.
Quando perdi minha virgindade, não tive sequer coragem de tirar a camiseta por vergonha do tamanho dos meus seios.