Por Antonio S. Silva
No final, Marconi Perillo e Íris
Rezende, sempre lembrados nas pesquisas eleitorais que retratam o
imaginário político da população, são ao mesmo tempo a salvação eterna e
o limite da alternância política do Estado de Goiás. O céu e o inferno
Os goianos tem um problema que continua
grave: a falta de representação política que se apresente como capaz de
levar a cabo os interesses da população, incluído as pessoas pobres,
excluídas e classe média baixa do Estado; a sua maioria. Sabido, porém,
que política não se faz de miragem é preciso recursos, desenvoltura para
vencer e popularidade.
Nas últimas décadas passaram a existir duas figuras no Estado capazes de integrar secretarias no executivo federal e representar a população em outras esferas de poder. Apenas Íris Resende (PMDB) e Marconi Perillo se transformaram em exponenciais candidatos com simpatia popular, sobre os quais gravita a política regional.
O peemedebista tem uma longa história que já passou para as cartilhas da história nas disciplinas escolares, o tucano vem escrevendo sua trajetória, com alto e baixos contrastantes, rumo ao declínio.
Importante destacar que Perillo sai das bases do PMDB, inclusive enfrentando Rezende nas disputas pelo poder, quando encontra aliados que resolvem ajuda-lo na jornada.
Esta parte da história é repetida nos bastidores por jornalistas e analistas políticos como sendo este também o momento desta nova virada, pois a população já ressente a falta de representação e não vê futuro naquelas que ai estão. Mas quando surge a pergunta quais poderiam ser os sucessores instala-se o silêncio denunciador.
Poder pelo poder
Na realidade quem se estabelece no poder, de imediato inicia a caça aos opositores. Mas como o poder precisa de alternância, logo surgem os aventureiros que fazem sombra ao grande líder e começam as disputas. Certamente deste embate surgem mudanças na base política, na economia e na justiça.
As velhas práticas devem ser substituídas por novas, como é de exigência de uma sociedade dinâmica. Neste sentido venceu o tempo de Íris e Marconi. Mas não é o que parece, como se vê nas pesquisas que aparecem, apesar de haver nos bastidores movimentos para a alternância, como é revelador o anseio popular.
No entanto, a gravidade do poder continua pesando para o lado dos dois eternos representantes do Estado. O prefeito Paulo Garcia (PT) que surgiu agarrado ao mito Rezende continua repetindo (subserviente) que é seu fiel seguidor, não haverá insubordinação e menos traição, afinal é grato pelo seu apoio que o colocou na prefeitura. Demóstenes Torres ganhou notoriedade com mãos dadas com Perillo até o fim trágico que o abateu, o qual chegou a sinalizar rumos políticos com voo solo. Não saiu da terra.
No final, Marconi Perillo e Íris Rezende, sempre lembrados nas pesquisas eleitorais que retratam o imaginário político da população, são ao mesmo tempo a salvação eterna e o limite da alternância política do Estado de Goiás. O céu e o inferno, que impedem as necessárias transformações.
Na incapacidade (leia-se temor) os aventureiros escasseiam, até mesmo na oposição (leia-se PT). A roda continua girando em torno do mesmo enigma. Se as águas assim continuarem correndo a estratégia marconista de lembrar o povo de sua importância única na política local, logo haverá o tradicional “FICA MARCONI”.
Mas nem tudo vive eternamente. Há circunstâncias em que um poste ganha eleições.
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Antonio S. Silva é professor da UFMT, Campus Araguaia.