Por Antonio S. Silva
Entre milhões de frases em conexão vem o discurso e a tentativa de ofuscar a questão que parece de fundo: a defesa da cidadania e participação popular.
Um fato que se revela tabu no Brasil é o questionamento da
partidarização das grandes empresas de comunicação do país, as quais
insistentemente criam uma guerra contra o Estado do bem-estar-social, os
partidos políticos e a representação do Congresso Nacional.
Se observado com atenção vem se tornando evidente o excesso da imagem
da oposição nos jornais, liderada pelo tucano Aécio Neves, que
necessita se tornar conhecido, como o bom rapaz com capacidade de
promover a revolução – conservadora e fundamental para o Brasil
latifundiário.
O governo federal questionado ganha ares de incompetente e de postura
política duvidosa. Com luzes para a construção de um país neoliberal,
com integração global. Para qualquer situação o discurso está na ponta
da língua: o Brasil é uma bagunça e precisa de uma faxina, contra a
corrupção, a necessidade da privatização das grandes empresas
brasileiras, que não geram lucros e avanços econômicos – mas falta dizer
para quais grupos, prioritariamente.
Não são sem motivo as agressões desnecessárias contra jornalistas,
carros de reportagem e até grupos de comunicação. Algo está no ar. A
insatisfação parece visível nas ruas e casas dos brasileiros sobre a
qualidade e angulação das informações dos acontecimentos, organizados
pelos grupos de mídias.
Falta confiança nas corporações que tem lastros
internacionais e visam um país tão somente globalizado e não socializado
internamente, com riqueza ao alcance dos brasileiros. Quem ganha?
Falta ainda considerar que o PT, embora ao que parece sem consenso, e
a própria presidente vem se aproximando do mundo financeiro, na
tentativa de resolver problemas que passam pela lógica do mercado, o
qual concentra poder e pressionar governos, que se tornam impopulares.
Um partido que representa a força de trabalho deve por séculos conhecer
estas nuances, de movimentos sociais que reivindicam os seus direitos.
A queda temporária de popularidade da presidente é providencial, como
sinal de algo está equivocado na sua representação. Falta apetite
social e sobra desejo de sentar-se nos lugares luxuosos de poucos. Um
erro que leva ao esquecimento e ao conservadorismo político de uma
sociedade que sinaliza dúvida, desespero e sem esperança nas boas
propostas sem a justa intenção.
***
Antonio S. Silva é professor na UFMT, Campus Araguaia (Barra do Garças/MT)
***
Antonio S. Silva é professor na UFMT, Campus Araguaia (Barra do Garças/MT)