Grupo alternativo de jornalismo usa celular e notebook para transmitir protestos ao vivo na web

Enquanto a tão cobrada democratização dos meios de comunicação não se efetiva, o avanço tecnológico tem possibilitado formas alternativas de veiculação de informações, como a transmissão ao vivo e online de notícias usando smartphones e notebooks (que necessitam de algumas pequenas adaptações). Até grandes veículos têm usado esse tipo de equipamento, em casos específicos de cobertura. Quem deu o pontapé foi a BBC, cerca de dois anos atrás, quando realizou o primeiro link da história da televisão utilizando um iphone adaptado com dois ou três gadgets. Agora, um grupo independente de jornalismo (N.I.N.J.A) usa uma estratégia parecida para transmitir, em tempo real,  reportagens de rua durante os protestos em São Paulo. Leia matéria abaixo:







'N.I.N.J.A. TV' busca novos meios de cobrir protestos
DE SÃO PAULO

Enquanto comemorava a revogação do aumento nas tarifas do transporte público do Rio e de São Paulo ao lado de manifestantes na estrada de M'Boi Mirim, na zona sul da capital paulista, o repórter Filipe Peçanha, 24, anunciou outra queda: "Estamos com apenas 12% de bateria".

Ele transmitia ao vivo um vídeo da manifestação e referiu-se à energia do equipamento que o grupo N.I.N.J.A. (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) tem usado para a cobertura --no site www.postv.org-- dos protestos realizados em São Paulo.

Preparados para o corpo a corpo com as multidões, eles fazem reportagens de rua portando um computador, celulares, câmeras e um gerador de energia sobre um carrinho de supermercado.

O grupo se formou recentemente pensando em absorver o trabalho de jornalistas autônomos.

"A rede-base do N.I.N.J.A. já estava sendo construída há dois anos. Mas a ideia virou chamada pública na semana passada a partir das sucessivas demissões que aconteceram nas redações, para debater novas formas de se fazer comunicação", diz Bruno Torturra, 34, que há três semanas se desligou da revista Trip, onde era repórter.

Segundo ele, o núcleo principal do coletivo tem oito participantes em São Paulo, além de um número flutuantes de colaboradores no país.

Na capital paulista, eles trabalham em parceria com outros grupos, como a Casa Fora do Eixo, coletivo com sede no Cambuci que organiza movimentos sociais.

De acordo com outro integrante do grupo, Pablo Capile, 33, a transmissão em vídeo das manifestações na região da Paulista, na terça (18), chegou a 180 mil acessos. Eles calculam que o número de espectadores é menor, uma vez que cada pessoa pode acessar o site do vídeo mais de uma vez.