Devoro-te

 Por Antonio Silva

Charge publicada pelo Jornal Folha de S. Paulo, sexta-feira 22 de junho.


Bom avaliar que diferente de outros temos vivemos em um mundo de mais trocas comunicativas, com perda de poder de influência das grandes mídias tradicionais. Como é o caso da atuação política da Rede Globo de Televisão

A política não pode ser pensada isoladamente, como se resolvesse por si mesma. Está num cipoal de um conjunto de outras instituições. Dentre elas a educação, as mídias, a religiosidade e sobremaneira a economia. O político que representa as pessoas precisa negociar com vários agentes sociais, atento aos anseios da população que o elegeu.

Evidentemente que esses humores mudam com o tempo. Ainda bem! Sendo assim, não seria de assustar a perda de credibilidade de reconhecidos nomes da política e do poder perante os grupos na rua. Um quadro do instante de movimentos políticos sociais.

Conforme publicação do jornalista Fernando Rodrigues na sua coluna na Folha de S. Paulo deste sábado (22), fazendo referência a levantamento do Datafolha, realizado entre os manifestantes da capital paulista, “o líder na disputa pelo Palácio do Planalto é o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, com 30%. Em segundo lugar vem Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, com 22%”.

Surpreende a performance da presidente: “Dilma Rousseff, que, na pesquisa nacional Datafolha do início do mês, pontuou 51%, aparece com meros 10% entre os manifestantes de São Paulo. O tucano Aécio Neves tem 5%. Eduardo Campos, só 1%”.

Embora seja apenas uma mostra de um intervalo de tempo cheio de emoções do ato de protesto e desejo de mudanças que nunca chega é revelador.

Há uma espécie de comportamento político latente que vem se formando na busca de alternativa de poder, que seja representativa de interesses sociais efetivos e não somente na aparência. As  negociações com o universo da economia, que consegue dominar os projetos políticos parecem estar sendo questionadas – a exemplo do que ocorrem com as liberações de concessões das linhas de ônibus, telefonia, rodovias, petróleo, etc.

Talvez seja hora de os governos abrirem as portas para um bom diálogo com os manifestantes e com a sociedade.

Bom avaliar que diferente de outros temos vivemos em um mundo de mais trocas comunicativas, com perda de pode de influência das grandes mídias tradicionais. Como é o caso da atuação política da Rede Globo de Televisão, no sofrível erro das lideranças econômicas que instituíram a gestão militar no Brasil.

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Antonio S. Silva é professor de Jornalismo da UFMT, Campus Araguaia.