Evento Acadêmico
Agência Focaia
Reportagem
Nathalia Gonçalves
Estudantes durante manifesto a favor da educação e contra a Reforma da Previdência, na Esplanada
dos Ministérios em Brasília-DF. Foto: reprodução/UNE
O 57° Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune) foi
realizado na cidade de Brasília (DF) no último final semana, com a
temática "Na sala de aula é que se muda uma nação”. O evento teve a
participação em torno de 15 mil estudantes de todas as regiões brasileiras. As
atividades envolveram debates, mesas-redondas, shows culturais, manifestações e
plenárias de votação para as novas políticas da UNE. Estudantes da UFMT/CUA
estiveram no congresso, com participação nas votações das novas conjunturas
políticas e administrativas da UNE.
O Conune foi organizado pelos estudantes e diretores da
UNE, com o objetivo de trabalhar novas propostas de mandato, como aquisições de
conhecimento sobre a atual conjuntura política que se vive no Brasil. O evento
também contou com shows culturais, como a escola de samba do Rio de Janeiro,
Primeira Estação da Mangueira, vencedora do carnaval carioca de 2019, Leci
Brandão, Duda Beat, entre outros.
De acordo com Eduardo Alves de Oliveira, estudante
do curso de licenciatura em Geografia (UFMT/CUA), a importância de ter estado
presente no congresso se encontra nesses dois objetivos, “o primeiro somar e
construir o caminho do movimento estudantil; é somar para que movimento
estudantil se fortaleça. O segundo é trazer isso comigo; é me formar e me
animar na luta do movimento e caminhar conforme a conjuntura pede”, afirma.
Para
Oliveira, os objetivos que foram traçados durante o congresso podem ter efeito
direto na comunidade acadêmica do Araguaia, “trazendo a influência do movimento
estudantil na luta diária como estudantes, principalmente se fazendo base na
comunidade local, animando e formando os estudantes na luta pelo nosso
protagonismo, que é a luta pela educação gratuita e de qualidade para todas e
todos”, pontua.
Na quinta-feira (11) foram realizados debates com
diversas temáticas em meio às disputas que ocorriam na Câmara dos deputados,
bem próximo do local do evento, devido à votação da Reforma da Previdência. O
deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, participou da
discussão de uma das mesas, na qual se discutiu a proposta de segurança
pública, destacando as consequências do pacote de medidas anticrime, de autoria
do ex-juiz da Lava Jato e ministro da justiça do governo Bolsonaro, Sérgio
Moro.
Freixo, se mostrando emocionado diante
de público formado por estudantes, com suas diversidades de posições políticas,
disse se alegrar com o engajamento da juventude. “O movimento estudantil tem
uma série de disputas, mas é necessário ter maturidade e responsabilidade,
porque diante do fascismo a gente não pode errar. Precisamos ter unidade para
buscar o comum entre nós”, ressaltou, fazendo referência á política do
presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Em mesa sobre o ataque à soberania
nacional, o diretor nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro
Stédile, elogiou a UNE pela escolha de debater o tema. “A soberania nacional é
muito importante para o povo brasileiro e a UNE sempre esteve à frente dessas
lutas. Estar nas ruas é fundamental, pois o que está em jogo é a liberdade da
nossa nação. Vamos agir feito colônia ou recuperar a nossa autonomia?”,
discursou.
Stédile adiantou aos estudantes que nos
próximos dias 8 e 9 de agosto, os movimentos sociais brasileiros organizam
comitê em defesa da soberania nacional, no auditório Nereu Ramos, na capital
federal para discutir o assunto, com críticas sobre a aproximação do Brasil,
neste momento, com a política internacional, trazendo reflexo na dependência
econômica brasileira.
Manifestações
Na última sexta-feira (12), os
estudantes que participavam do congresso estudantil ocuparam a Esplanada dos
Ministérios, em Brasília-DF, com o objetivo de reivindicar seus direitos na
educação e contra a proposta da Reforma da Previdência, na semana da primeira
votação na Câmara dos Deputados. A passeata “Educação, emprego e aposentadoria”
contou com participação de cerca de 50 mil jovens, de acordo com dados
oferecidos pela UNE.
Para Oliveira, participar de
manifestação é uma forma de reunir forças, na busca de superar o medo da atual
conjuntura política do Brasil. Avalia que quem luta por justiça é massacrado
pelo governo, mas é possível encontrar outro sentimento nos movimentos,
que é o de Esperança, somando a milhares de pessoas que têm o mesmo objetivo
"de lutar pela educação e contra o massacre do governo contra o povo, e o
sentimento de estar na batucada do Levante Popular da Juventude”.
No domingo (14), no encerramento do
evento, foi realizada a eleição da nova gestão diretora da UNE. Após a
inscrição das 6 chapas concorrentes, a votação foi por meio de cédula, sendo o
voto individual e secreto. A chapa da Frente Brasil Popular, denominada
“Tsunami da Educação”, venceu com 4.053 votos de 5.715 votos válidos.