Jornalismo, sonhos e desafios para universitários recém-formados

Universidade

Agência Focaia
Redação
Adailson Pereira


     Fotos: Adailson Pereira/João Paulo Fernandes


O grande sonho das famílias brasileiras é conseguir dar uma boa educação aos filhos, que seguem em uma extensa jornada de estudos até chegar à formatura, quando pega o “canudo”, o diploma, e continuam em busca, neste momento, de conquistas na profissão. À frente, o desejo de realizar o sonho de ser um grande profissional, com um futuro de sucesso e recompensa financeira. Mas nem sempre é uma caminhada fácil e exige uma longa batalha, mesmo depois de deixar os muros da universidade. Como exemplo, o curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, que a cada ano dispõe para o mercado cerca de 25 profissionais na área, que enfrentam desafios para atingir seus objetivos, iniciados quando ainda eram muito jovens.

A Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Araguaia (UFMT/CUA), implantou o curso em 2009, com a graduação da primeira turma no ano de 2012. O jornalista Ivan de Jesus Santos, egresso da primeira turma revela que sua jornada durante a graduação não foi fácil. “Éramos a primeira turma de Jornalismo e o primeiro curso a ir para a unidade de Barra do Garças, por isso, tivemos alguns problemas com a infraestrutura, tudo foi sendo construído durante o curso, com a chegada de professores e equipamentos”, afirma Santos.

Em 2013, a rádio Centro América FM inaugurou uma filial em Aragarças, GO. Na ocasião, a empresa procurou a UFMT/CUA para que indicasse alunos do curso de Jornalismo para participarem do processo seletivo e Santos foi o selecionado. “Iniciei a minha primeira experiência como jornalista, em junho do mesmo ano, já ganhando o piso salarial, que não é praticado na maioria dos meios de comunicação da região”, revela o jornalista. Uma das dificuldades do egresso foi à transição para a carreira profissional, “na faculdade tínhamos um dia para fazer uma pauta, ou uma semana para escrever uma reportagem, na prática da profissão precisamos fechar até quatro matérias no mesmo dia”, acrescenta.

Segundo o jornalista Lucas Antonio Luz Iglesias, a grande dificuldade dos egressos do curso de jornalismo da UFMT/CUA é em relação ao mercado de trabalho para o profissional na região. Iglesias concluiu a graduação em 2012. Ele lembra que conseguiu ingressar na Rádio Centro América FM em 2014, passando por entrevistas e provas antes de ser contratado. “A maioria dos colegas que se formaram comigo, para atuar na área tiveram que ir para outras cidades”, enfatiza. De acordo com o jornalista, não existe uma cultura de valorização para o jornalista local, o salário nas emissoras da região não atrai os recém-formados e as chances são poucas para eles.

Ingressante da turma de 2015, o acadêmico do 5° semestre, Fernando Ribeiro Lino (foto ao lado), já atua na área, trabalha no jornal “Semana no Araguaia” há três meses. Lino diz que as aulas que estão tendo durante o curso e o projeto de extensão Botoblog lhe deu aprendizado. Mesmo escrevendo para o jornal e adquirindo experiência, o estudante destaca que o seu objetivo é ser jornalista investigativo ou independente, mas não descarta a possibilidade em continuar escrevendo. Ele lembra sobre as primeiras matérias escritas, no início da atividade profissional, que, conforme destaca, tiveram relevância social. “Depois de ter publicado três matérias; uma sobre a implantação da faixa azul, outra sobre o bairro palmares e uma relacionada à rodoviária da cidade de Barra do Garças, todas receberam atendimento público. A faixa azul foi cancelada, inclusive o promotor cita a matéria e o bairro recebeu roçagem e a rodoviária passa por reformas”, conclui.

Eliane da Silva, também recém-saída do curso de jornalismo da UFMT Araguaia, não seguiu o mesmo caminho dos colegas. Egressa da última turma do curso, 2016, deu uma reviravolta, optou em fazer uma nova graduação. Atualmente cursa Engenharia de Alimentos na própria instituição.

Silva observa que sempre quis cursar Arquitetura, mas se gostar do novo curso pretende terminar, da mesma forma que aconteceu com Jornalismo, "costumo brincar que caí de paraquedas no curso”, analisa. Dizendo-se apaixonada por leitura e escrita, cita que identificou com algumas áreas com as quais poderia trabalhar, mas para isso teria de cursar uma especialização na área de comunicação. Eliane ressalta que não nasceu ou se fez jornalista, apesar da conclusão do curso de jornalismo. Acrescenta que, por ser tímida, poderá ter dificuldades para exercer a profissão que exige estar em contato com o público.