Elite brasileira subalterna



Por Antonio S. Silva

As regras estão marcadas, que não passam despercebidas nem mesmo por membros do STF.


Os episódios recentes envolvendo o Brasil e fatos internos recentes, ligados direta ou indiretamente ao cenário internacional, revelam as dificuldades da elite brasileira de conviver com independência em relação às grandes potências da ordem global, sobretudo os Estados Unidos.

Inicialmente, chama à atenção a saraivada de críticas ao governo que questiona a espionagem norte-americana à Brasília, através da CIA, conforme denúncia e depois confirmada até mesmo pelo governo da América do Norte.

Por outro lado, o excesso de zelo das lideranças econômicas brasileira com discurso através da mídia da ordem social liberal e, sobretudo, se postando contra novas lideranças políticas que surgem. A meta é manter tudo como está, atrelado a uma ordem de poder.

Lembrando-se de memória alguns autores, como o geógrafo Milton Santos e o sociólogo Octávio Ianni, fica evidente o grande desejo da burguesia brasileira de atingir o topo da pirâmide econômica.

Assim, internamente há uma classe média que busca a todo custo chegar ao cume da hierarquia financeira, mas há no país uma classe autoritária, formada de minoria, que impede qualquer acesso ao grupo dos mais afortunados, donos da mão-de-obra dos milhares de trabalhadores pobres brasileiros.
Apenas um sonho alimentado, cotidianamente, a custa de milhões de braços e músculos.

Minoria internacional

Além do que não se pode acreditar que as lideranças econômicas nacional agem sem o conselho das elites internacionais.

Evidente que a aproximação maior é com os grandes empresários globais norte-americanos, os quais oferecem ajuda intelectual, financeira e material, mas no final, cobram resultados e respeito às suas decisões, para as quais a minoria brasileira deve lutar de maneira intransigente. Como exemplo, a dificuldade das mudanças indispensáveis na economia centralizada na lógica liberal.

Arredar o pé das propostas que visem o capitalismo internacional, aquilo que interessa aos cofres das grandes empresas internacionais não somente resulta em quebra de confiança, como perda de sustentação para os negócios globalizados, aquilo que sobra a classe similar brasileira.

No meio desta negociação, certamente, está à produção delegada aos trabalhadores, que devem manter com condições mínimas de vida para gerir lucros, ou capital excedente.

Esta realidade que parece mais um delírio pode ser vista nas páginas de opinião dos principais jornais brasileiros, que diariamente negocia com o governo apoio ou intrigas (apoio/bônus ou crítica/denúncia), que se estende à mídia, não somente do país. Neste campo de  luta sobra ao governo Dilma Rousseff (PT), acenar e esconder a mão.

Apresentar-se em favor do capitalismo global, fazer o jogo, mas sinalizar para os trabalhadores brasileiros (que aumento o índice de greves), sua base para permanecer no poder. Fato, é que o jogo ocorre muitas vezes na alienação do trabalhador e vistas grossos dos intelectuais do  país. Alguns até recebem benefícios para entrar neste esporte, em que poucos vencem.

As regras estão marcadas, que não passam despercebidas nem mesmo por membros do STF.

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Antonio S. Silva é Jornalista e professor da UFMT, Campus Araguaia (MT).