“Devo ser melhor duas vezes, uma vez só não vai adiantar", diz estudante da UFMT numa referência ao dia internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Política Social
Agência Focaia
Redação
Nathalia Gonçalves
Painel produzido pelo
coletivo negro universitário "CorAge", para a celebração do dia
Internacional da Mulher Negra latino-americana e Caribenha realizado na
UFMT/CUA - imagem
Vínicius Ribeiro.
O
coletivo negro da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus do Araguaia,
realiza nesta quinta-feira (25) e sexta-feira (26), evento para celebração e
conscientização do dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e
Caribenha. A celebração ocorre no dia 25 de julho desde que a data foi
sancionada no Governo Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela
e da Mulher Negra, de acordo com a Lei nº 12.987/2014.
O 1°
Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas teve origem em
Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. Tereza de Benguela foi uma
líder quilombola, que viveu durante o século 18.
Após
a morte de seu esposo, Benguela tornou-se representante do quilombo, e,
sob sua liderança, a comunidade negra e indígena, resistiu à escravidão por
duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas
forças de Luiz Pinto de Sousa Coutinho, Capitão-general de Mato Grosso, e a
população foi morta ou aprisionada.
De
acordo com a estudante de Jornalismo da UFMT/CUA, Graziela Godwin, a mulher
negra é sempre foi muito esquecida, excluída e pensada por último. “As mulheres
negras eram preteridas, vistas como escravas sexuais, então o papel delas nessa
época não era de nenhum protagonismo", afirma.
Godwin
afirma que sempre lidou com o racismo desde pequena e que debater o assunto com
seriedade é muito importante para uma construção moral. "Meu pai é
nigeriano, ele veio para o Brasil há mais de 25 anos e aqui constituiu família.
Ele já passou por diversas situações racistas e por isso ele sempre me diz que
devo ser melhor duas vezes, uma vez só não vai adiantar, pois infelizmente a
cor da pele barra isso."
Como
acrescenta, “minha família e eu, nos construímos mais fortes em conjunto,
dividindo nossas vivências e sempre levantando a questão do racismo em casa,
isso faz que nos fortalecemos."
Para
Sheilyjaine Ribeiro, estudante do curso de Engenharia de Alimentos da
universidade mato-grossense, e uma das organizadoras do evento, a data
significa um motivo de orgulho e de importância, em virtude das lutas do povo
negro, que não devem ser lembradas apenas no dia da Consciência Negra.
"Tereza
de Benguela foi uma mulher negra que viveu e morreu lutando contra o racismo e
também lutou contra a escravidão”. Ribeiro destaca que foram travadas duras
batalhas ao longa da vida de Benguela, revelando a grande importância de manter
na memória o dia Consciência Negra e o dia Internacional da Mulher Negra
Latino-Americana e Caribenha.
Como ressalta, “o dia da mulher negra latino-americana e caribenha vem para nos lembrar uma luta em particular, uma luta mais voltada para os negros, os votos políticos e também a escravatura.”
Evento
O
evento realizado pelo Coletivo Negro “CorAge” conta com o apoio do (Diretório
Central dos Estudantes (DCE), coletivo feminista “Por Todas”, Coral UFMT
Araguaia e cineclube Roncador. Rodas de conversa, oficinas, minicursos e
palestras fazem parte da programação.
Sheilyjaine
Ribeiro diz que o objetivo do evento é também promover o coletivo “CorAge” para
alcançar mais pessoas, "mostrá-lo ativo na comunidade e representar todas
as mulheres negras, que fizeram e fazem parte da luta contra o racismo."
Ribeiro
afirma que “é importante falar desse assunto dentro da universidade por questão
dos casos de racismo que ocorrem aqui dentro, muitos não conseguem reagir
quando isso acontece, então promovendo esses debates, nós trazemos os problemas
e automaticamente elencamos soluções; e com isso as pessoas se fortalecem e
seguem firmes na luta para erradicar o racismo.”
As
inscrições podem ser feitas pelo site gratuitamente (clique aqui). A
recepção será feita na unidade universitária da UFMT Araguaia, na cidade de
Barra do Garças.