Pobreza é coisa para milionários

Por Antonio Silva




Num mundo globalizado, com o dinamismo da comunicação on-line, com equipamentos cada vez mais baratos, torna-se um caminho rápido também a ideologia de economia mundializada. Em outras palavras, a ideia de que todos os países podem ficar ricos, se entrarem para o jogo da política adotada pelos países ditos grandes.

As mídias tradicionais, sobretudo, os jornais impressos e revistas – os outros meios de maneira implícita -, não perdem tempo, quando o assunto é vender a tese de que a melhor economia é aquela ligada ao mundo das grandes potências. Nada mais falso para quem vive na periferia deste mundo, em meio à pobreza financeira e riquezas naturais.

A África passa por diversas guerras e atentados contra os direitos humanos e o assunto, que se destaca nas páginas das mídias, é apenas a violência de grupos ou terroristas contra governos regionais ou locais. Falta discutir a situação em que vivem estas comunidades.

Pois, parte considerável destes países vive na absoluta miséria e exploração de grandes empresas globais, com interesses em retirar e transportar suas riquezas naturais, com uso de mão-de-obra nativa, quase de graça, para a desgraça de famílias de nações inteiras.

Como exemplo o caso “Escravidão nas plantações: o obscuro negócio do chá na Índia”  em que mulheres e crianças são obrigadas colher grandes quantidades de folha de plantas, que na Europa faz parte das mesas de famílias, de condição financeira muito diferente daquelas que vivem na Índia. Um caso que merece muito debate, mas não passa de uma matéria publica aqui e ali e passam despercebidas. Mas o caso não se restringe um país ou outro.

América latina de pobres

Aqui perto de nós a realidade também grita. Na América Latina, uma região com muita pobreza e exploração de riquezas naturais, produções de frutas e mão-de-obra a condição humana e econômica se repete com violência.

No caso latino-americano, a situação ainda é pior. A mídia brasileira, como exemplo, permanentemente publicam matérias negativas sobre o novo perfil político, nos últimos anos com tendência mais voltada para o social, iniciado na década de 80 na região.

No final, o jornalismo dos grandes redes nacionais é intensamente crítico contra diversos governos populares e pouca visibilidade de exploração e dificuldades por que viveram e ainda vivem as famílias na América Latina. Paradoxalmente sucessivamente as populações locais mantêm esses governos, que para as mídias brasileiras e globais, sãos feitos por caudilhos.

Neste momento, a grande atração para boas matérias são os países com ligações comerciais e econômicas com Estados Unidos e Europa, como é o caso do Chile – apesar da população eleger este ano Michel Bachelet, com tendência socialista – Peru e Colômbia. Porém uma visão crítica e dura contra o sistema econômico de nações como Argentina, Bolívia, Venezuela e Equador.

Exatamente países que não tem parceria com o bloco com os grandes centros desenvolvidos e faz segura oposição ao domínio dos países ditos desenvolvidos.

Nesta análise, até mesmo o Brasil aparece como o país a ter sua política questionada, pelas condições que impõe, de maneira moderada, o bloco econômico global. Risível defender que Lula e Dilma se apresentam como socialistas ou mesmo próximo disso.

No país o sistema é bruto, com um capitalista que ascende cada dia mais as grandes empresas e bancos – considerando, o poder da política internacional que inviabiliza as políticas locais na globalização, com o auxílio de parte de mídias regionais.

O PT socialista!

O petismo, nestes últimos anos realmente conseguiu um grande feito, realizar inclusão social, com pessoas obtendo condições de emprego e renda. O que seria o mínimo que se espera. Mas parece que não é o suficiente. A abertura absoluta para o capital internacional é o que exige o grande mercado internacional, a política das grandes nações ricas, as mídias globalizadas e parte da forte imprensa regional e local.

O caos urbano e a violência parecem ser reflexos da crítica diferença de renda também na realidade brasileira. Cada vez menos ricos e sempre mais pobres – talvez seja importante saber que Londres é a cidade do mundo com a maior concentração de bilionários. 

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Antonio Silva é Jornalista e Professor UFMT - Campus Araguaia.