Felipão é o show

Por Antonio Silva

Ao lado de Bonner e Poeta, o técnico da Seleção se prepara para participar do Jornal Nacional (Foto: Christiane Mussi)

Jornalistas podem até fazer de conta que não percebem os fatos e deixam pra lá, mas cada dia é mais perceptível que a competência de Luiz Felipe Scolari vai além dos gramados. Com a ajuda da CBF, feita de cartolas com grandes vínculos com a tradicional mídia brasileira, o técnico da seleção canarinha vai se tornando um grande ator, com uma novela descrita para destacar o brilhantismo e sucesso.

Retirando o desejo da imprensa de potencializar a copa para valorizar a publicidade e rendimentos financeiros, Scolari é hoje um grande marketing, sempre disposto a agradar jornalistas e facilitar boas imagens para os cinegrafistas dos seus jogadores e, sobretudo de si.

Já esteve na bancada do Jornal Nacional da Rede Globo, o de maior audiência, e ainda se tornou personagem principal do Globo Repórter da TV carioca, a terceira maior rede de comunicação do mundo.

No final, Felipão pavimenta sua caminhada com os recursos financeiros gordos do mundo midiático. Futebol? Bom, quando for hora da bola rolar. Sendo que para o momento o que vale mais é aproveitar o sucesso como estrela da glória que virá.

Como o futebol é jogado entre as quadro linhas, difícil imaginar o futuro nas disputas entre grandes seleções, cujos técnicos vivem na mesma condição. Alguém deve perder para apenas um seja campeão com glórias – espera-se que seja o Brasil. Mas cabe advertir, cada vez que se abrem as portas para os donos das grandes redes de TV os acessos serão mais exigidos, o que pode ter reflexo nos campos.

Nos tempos atuais, talvez fosse importante lembrar que o esporte se revela um grande espetáculo, com menos arte, mais força e espetáculo produzidos e canalizados pelas mídias, que visam o show com plateia e muita, mas muita publicidade; aos milhões.

Os atores, inclusive os técnicos, da trama que recebem gordos saldos para promover a festa se fazem objeto manipulável para o otimismo e alegria do torcedor pronto para o grito de felicidade, mas em algum momento os resultados serão cobrados por ele que paga caro pelo ingresso.

Entretanto, preciso entender que há tempos de bonança e de crises. Então, como estratégia vive-se um de cada vez. A hora é para ganhos de imagem e financeiros.

Importante destacar que Felipão entra na copa, depois de tempos difíceis no Palmeiras, com resultados ruins e fracassos. Na Europa como no Brasil, na época dos grandes clubes, muitas vezes se apresentou melhor fora das quatro linhas, e como motivador e amizade dos jogadores.

Considerando que o brasileiro é aguerrido, em campo os resultados deverão aparecer. Afinal,  a copa de futebol sendo no Brasil, a cobrança do técnico ainda vai acontecer, sobretudo, daqueles que investem na esperança de ganhar milhões.

A cobrança do governo brasileiro diuturnamente pela mídia, para a atenção aos estádios e respeito às exigências da FIFA, mostra a postura da imprensa e sua política.

Obs. Não há dúvida da importância da comunicação de um técnico com a imprensa e torcedores – basta lembrar as dificuldades de Dunga no pouco tempo no comando da seleção -, então os resultados serão realmente promissores e começamos com vitórias na copa.

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Antonio Silva é Jornalista e Professor UFMT - Campus Araguaia.