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A Rússia além do Ocidente

Fiódor Lukianov, cientista político

Crise na Crimeia e ameaça de sanções afastaram o Ocidente da lista de prioridades de Moscou.


A Rússia além do Ocidente
Ilustração: Dmítri Dívin

Com a crise em torno da Ucrânia, a Rússia praticamente abandonou o modelo de comportamento pelo qual se guiou por quase um quarto de século, a partir do final dos anos 1980, visando à manutenção das boas relações com o Ocidente. Mesmo quando Moscou dava passos que contrariavam claramente os desejos da Europa e dos EUA, deixava um espaço de manobra, para minimizar os danos às relações com os países ocidentais. Para a Rússia, a orientação em direção ao Ocidente era vista como uma garantia de segurança, desenvolvimento e prosperidade.
 Em 2014, Moscou se comportou de uma forma diferente. Ignorando todos os pedidos, apelos, avisos e ameaças dos países ocidentais, o governo russo incluiu a Crimeia e Sebastopol na composição da Federação Russa. Todos haviam se acostumado ao fato de que a Rússia nunca ia até o fim na defesa de seus interesses, e quando isso acabou acontecendo, a reação dos EUA e da Europa se reduziu ao anseio de punir o país, independentemente de quão fundamentados eram os seus desejos e justificada a sua posição.
A principal lição que fica para a Rússia é que o mundo não se limita ao Ocidente. Mais do que isso, ele se tornou verdadeiramente heterogêneo e diversificado e a centralização e dominação por um só país são simplesmente impossíveis. Com cada vez mais protagonistas na ordem mundial, cada um deles exigindo uma abordagem especial, é natural que as relações com o Ocidente deixem de ser a grande prioridade. Esta é uma guinada importante para a Rússia, pois ao longo de séculos, o país manteve uma visão centrada no Ocidente.
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