Dinheiro no mundo

Por Antonio Silva

Neste princípio mercadológico, as determinações prosseguem em Davos para a redução do Estado; em outras palavras, menos atuação dos governos na imposição de regras as grandes empresas internacionais – abertura total e irrestrita


A observação constante, das relações políticas e o mercado global, permite esclarecer os caminhos por onde passam os milhares de dólares que tornam cada vez mais ricos 1% da população mundial, enquanto o restante fica com as migalhas, como publicado pela BBC Brasil, em texto cujo título é “Os 85 mais ricos do mundo têm o mesmo patrimônio de metade da população”.

As informações que surgem na mídia diariamente e os grandes eventos internacionais estabelecem as verdades absolutas da força dos homens da economia mundial, e suas diretrizes.

A reunião em Davos, na Suíça,  que ocorre anualmente nesta época, resulta da essência das leis do mercado global que devem ser seguidas, e os governos ter como farol de suas decisões. A presidente Dilma Rousseff e Lula (ambos do PT), conhece-as bem, pois sempre foram pressionados a aceitar as determinações dos representantes dos grupos financeiros.

Um lugar em que as definições estão postas e esperam a aceitação ou não dos presidentes, para ali convidados, para as respectivas medidas políticas do mercado.

Para não haver dispersão ou enfrentamentos privados que desmascarem a realidade econômica, promovida por estes grupos, a mídia global é convocada com o intuito da vigília do que se diz, em cores, ao vivo – cumprindo o seu papel. Pois, o público é formado por milhões de pessoas, à mercê do que se enuncia pelos jornais impressos, eletrônicos e da rede. Mesmo assim, nas entrelinhas vai se descortinando as pressões e as investidas entre representantes políticos e grupos econômicos.

O dinheiro na América Latina

Os países da América Latina conhecem bem esta realidade, afinal, se tornaram a salvação da lavoura da quebradeira econômica das grandes nações ricas, em dificuldade com emprego e renda para as suas populações, certas de seu poder global; portanto, exigem privilégios.

Neste princípio mercadológico, as determinações prosseguem em Davos para a redução do Estado; em outras palavras, menos atuação dos governos na imposição de regras as grandes empresas internacionais – abertura total e irrestrita, somente assim, o país receberá milhares de dólares, estrategicamente escassos.

Em essência, o crescimento econômico está acima dos direitos sociais, principalmente do trabalhador e pobres marginalizados deste sistema financeiro -  a maioria da população de países como o Brasil.
A mídia também entra neste princípio econômico, pois a liberdade de informação está na mesma lógica das grandes empresas, que precisam atingir grande público, de maneira a formar opinião e render publicidade, para uma sociedade do consumo.

Exige-se liberdade econômica para fazer jornalismo em detrimento do direito a voz dos despossuídos de veículos de comunicação. Uma censura para o desenvolvimento. Neste raciocínio está o marco civil, mas é uma outra discussão.

Não seria outro motivo o pouco interesse em divulgar a América Latina e os seus feitos, como redução da desigualdade social, nos últimos anos de crise financeira. Entende-se a falta de divulgação da maior participação regional na economia global. O que pode compreender é a dependência dos países ditos dos centros da produção da periferia – leia América Latina.

O que aparecem nos grandes jornais é a desvalorização da moeda destes países (a desvalorização cambial), as crises da justiça, o autoritarismo dos presidentes, políticos e movimentos populares nas ruas.

Fato é que a visão dos latino-americanos é sempre negativa nas mídias comerciais, temendo uma organização que revele os problemas globais, que levemente assustam as elites econômicas, sem escrúpulos, tendo no encalce 99% da população cada vez mais pobres, diante da selvagem concentração de renda.

Se não fosse injusto, à princípio, torna-se uma política econômica e jornalística irracional.

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Antonio Silva é Jornalista e professor da UFMT - Campus Araguaia.