Alunos fazem colégio trocar nome de Médici por Marighella


 
Folha de S. Paulo


 Declarado "inimigo número 1" do regime militar em 1968, o guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969) irá substituir o presidente Emílio Garrastazu Médici (1905-1985) como nome de um colégio estadual em Salvador.

Iniciativa de estudantes da escola, a mudança foi referendada anteontem pela comunidade do colégio estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, que fica em um bairro de classe média.

De 30 de novembro a 10 de dezembro, pais, alunos e professores votaram pela escolha de um novo nome. Na votação, as opções eram os nomes de Marighella e do geógrafo baiano Milton Santos (1926-2001). O guerrilheiro obteve 69% dos 586 votos.

A escola irá submeter a mudança ao governo da Bahia, mas o secretário da Educação, Osvaldo Barreto, já disse que a mudança deverá ser acatada, "respeitando a decisão da comunidade".
"Estimulamos que a comunidade opine na escolha dos nomes das escolas. Já tivemos outros casos de mudança, mas essa teve mais repercussão porque leva o nome de um ex-presidente", disse.

A alteração era uma demanda antiga dos professores do colégio, sobretudo os da área de ciências humanas. A proposta ganhou força com o apoio dos estudantes.

Vice-diretora do colégio, Maria das Graças Passos disse que a direção do colégio já havia tentado trocar o nome da instituição outras vezes, mas esbarrava em trâmites burocráticos: "Havia um incômodo em ter a nossa escola batizada com o nome de um ditador. A mudança vem em boa hora, ainda mais com a escolha do nome de um baiano que combateu a ditadura".