Docentes indicam greve somente caso a resolução 158 seja alterada


Os professores da UFMT reunidos em Assembleia Geral na tarde desta quinta-feira, 4, decidiram por deixar em aberto o indicativo de greve, sem definir datas para uma possível paralisação. O indicativo foi proposto por conta do descontentamento com a proposta feita pela Administração Superior de alterar a resolução 158/2010 do Consepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), que regulamenta a carga horária docente.

A decisão aprovada é a de que se for encaminhada para o Consepe a votação das alterações na resolução, será instaurada uma greve. Caso sejam aceitas as sugestões da Administração haverá aumento da carga horária dos professores em sala de aula de oito a 10 horas para 20 horas, e de 12 a 16 horas para 40 horas. A proposta também reduz o tempo para preparação das aulas de 1h30 para 1h e muda a dinâmica de orientação de alunos.
Uma das críticas é a falta de democracia no debate. “São os diretores de Institutos que foram chamados às reuniões para conhecer o projeto, e não os legítimos representantes, que são os membros do Consepe”, denunciou um professor da Faculdade de Ciências Médicas. “Assim a discussão tem sido feita não de forma ortodoxa, como seria o correto”. Alterações serão aceitas caso os docentes sejam ouvidos e tenham suas sugestões acatadas.
Para os professores, a resolução visa atender a um modelo de universidade que vem sendo implementado com o REUNI, em que o número de professor por aluno pula de 8/1 para 22/1. Com o aumento de alunos na graduação e a falta de concursos públicos que atendam à demanda, os docentes são impulsionados pela regulamentação da carga horária a se manter em sala de aula, em detrimento da pesquisa, extensão e a pós-graduação.

Análise de Conjuntura e mobilizações
A primeira pauta da Assembleia foi uma análise das manifestações que vêm ocorrendo no país e suas possíveis consequências. Um intenso debate entre os entusiastas das mudanças e os céticos foi travado, sem intenções de chegar a um consenso.
Neste debate, houve um destaque para o dia 11 de julho, o Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações, com atividades conjuntas previstas em todo o país para que a sociedade possa enxergar as demandas dos trabalhadores organizados em oito centrais sindicais - CSP-Conlutas, CUT, UGT, Força Sindical, CGTB, CTB, CSB e NCST, além de participação do MST, o Dieese e outros setores articulados no âmbito do Espaço de Unidade de Ação.
Para Dorival Gonçalves, neste dia será marcada a posição contra o que chamou de “jogo do governo”, que, em vista das manifestações pelo país, propõe uma reforma que não coloca a política estatal, a exemplo do pagamento da dívida, os marcos regulatórios do petróleo e das comunicações, além de outros setores importantes.