Com queda na popularidade dos livros de papel, russos mudam hábitos de leitura

2/07/2013 Alissa Orlova, especial para Gazeta Russa

De acordo com as estatísticas fornecidas pela Câmara do livro, em 2012, a tiragem total de livros editados no país caiu 12% em comparação com 2011.

Compactos e com boa visualização, smartphones e tablets cada vez mais substituem os livros de papel como opção de leitura Foto: ITAR-TASS

Pesquisas recentes têm mostrado uma tendência preocupante na Rússia: a diminuição no tempo gasto para a leitura de livros. A fundação de opinião pública “Obschéstvennoe Mnénie” revelou que 44% dos russos entrevistados admitiram não terem lido um único livro durante o ano. Os dados divulgados pela fundação são confirmados por outros estudos.
“Estamos observando uma tendência semelhante”, comenta Iúri Púlia, diretor da Agência Federal de Imprensa Periódica e de Comunicação em Massa.
No entanto, não é tão fácil determinar se os russos estão perdendo o interesse pela leitura ou se este fenômeno tem outra natureza; de acordo com o Centro de Pesquisa de Opinião Pública da Rússia, em pesquisa feita em março, os russos, pelo contrário, passaram a ler mais: uma média de 4,23 livros por trimestre em 2013, enquanto no ano de 2011, esta média era de 3,94 livros.
O que é possível avaliar é a popularidade dos livros de papel. De acordo com as estatísticas fornecidas pela Câmara do livro, em 2012, a tiragem total de livros editados no país caiu 12% em comparação com o ano de 2011.
De acordo com os dados de pesquisa da empresa TNS Rossía, contidos no relatório setorial da Rospechat, o consumo geral de mídia por cidadãos russos com idade acima de 16 anos é de 8 horas por dia.
Dentre este tempo, somente 1,8% (cerca de 9 minutos por dia) são dedicados à leitura de livros. Como comparação, para ler o romance “Eugene Onegin”, de Aleksander Pushkin, um russo médio usuário de mídia precisará de pelo menos 15 dias (1,5 horas de leitura) e para o poema “Almas Mortas”, de Nikolai Gogol, terá que gastar um mês e meio para a leitura (ou um total de aproximado de 5 horas)”.
Hoje, olhando através dos olhos de um leitor moderno para a rotatividade dos livros, podem-se notar duas tendências. Em primeiro lugar, nas últimas duas décadas, o livro de papel deixou de ser o principal transmissor de informações em texto –muitos agora leem da tela do computador, de um smartphone ou tablet, utilizam o iReader ou ouvem audiobooks no carro.
Em segundo lugar, o livro na Rússia deixou de ter tanto prestígio –a posse de uma edição rara já não afeta o status do proprietário, como acontecia nos tempos soviéticos. Segundo a pesquisa do Centro de Pesquisa de Opinião Pública da Rússia, atualmente 83% dos russos possuem uma biblioteca pessoal. Em 46% delas, no entanto, o volume não excede 100 livros. Curiosamente, até mesmo nos questionários escolares, onde se pede que os pais façam uma lista com os nomes dos livros infantis disponíveis em casa, existe um pequeno espaço de três linhas para enumerá-los. Mais