Apesar de ser o vestibular mais concorrido do Estado, o processo
seletivo de fim de ano da Universidade Federal de Goiás (UFG), que teve o
resultado divulgado na tarde de ontem, deixou 843 vagas ociosas. O
total de vagas disponíveis, 5.133 é 528 a mais do que no ano passado, em
que sobraram 363 vagas a serem preenchidas, ou seja, 7,88%, menos da
metade do porcentual atingido neste ano, de 16,43%. Para preencher as
vagas, a UFG vai elaborar um edital específico, semelhante ao do Sistema
de Seleção Unificada (Sisu), em que o aluno utilizará a nota no Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem).
O porcentual de vagas ociosas no vestibular de fim de ano da UFG já
havia sido maior no ano passado em relação a 2011, quando 5.302 foram
ofertadas e 320 ficaram ociosas - 6,03%. Pró-reitora de Graduação da
UFG, a professora Sandramara Matias Chaves explica que a maior parte das
vagas ociosas está em cursos de licenciatura localizados nos câmpus do
interior, especialmente Jataí e Catalão. Ainda não é possível
discriminar exatamente quais são estas vagas.
Em levantamento prévio feito pela reportagem do POPULAR, há pelo menos
dez cursos no câmpus de Catalão e a mesma quantidade em Jataí sem que
todas as vagas estivessem preenchidas. Já em Goiânia, há pelo menos sete
cursos com vagas ociosas e o destaque é o de Ensino de Instrumento
Musical, em que só 5 das 20 vagas foram preenchidas. Ainda há vagas para
cursos como licenciatura em Dança e bacharelado em Musicoterapia.
Em Catalão, o curso de licenciatura em Geografia tem 39 vagas entre as
47 possíveis e o bacharelado em Ciências Sociais falta preencher 40 das
56 vagas. Em Jataí o caso mais expressivo é no curso de licenciatura em
Física, com 30 vagas ociosas de um total de 37, e licenciatura em
Química, com 35 em 42. Também chama a atenção a falta de preenchimento
de 34 vagas das 45 disponíveis para licenciatura em Filosofia, na cidade
de Goiás.
Chaves salienta que a ociosidade das vagas não é um problema só da UFG e
retrata a situação mercadológica das profissões nacionalmente,
especialmente a de professor, o que é comprovado com a baixa procura
pelas licenciaturas. Com baixos salários, falta de reconhecimento e de
estrutura, os alunos preferem não se arriscar em cursos com pouco aporte
financeiro. “É uma realidade que a gente já sente em colégios
universitários, na contratação de professores. A procura acaba sendo
baixa, mesmo pela necessidade do País, mas não há o reconhecimento.”
Com esta realidade, a UFG promete insistir ainda para manter os cursos,
mas não descarta diminuir o número de vagas para eles, sendo esta a
última opção. “Vamos elaborar esse edital específico e depois analisar o
que podemos fazer para divulgar os cursos e desenvolvê-los. Podemos até
chegar a uma conclusão para dar uma atenção especial a estes cursos e,
só como última opção, diminuir o número de vagas”, diz Sandramara.