'No ano de 2017 foram efetuados cortes em torno de 93 milhões de reais na UFMT', diz presidente da ADUFMAT

Mobilização

Agência Focaia 
Repórter
Barbara Argôlo

     Fotos: Barbara Argôlo
Roda de conversa foi espaço para debates e troca de conhecimento, entre alunos e o presidente da Adufmat


Presidente da ADUFMAT (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso) Reginaldo Araújo e um grupo com cerca de 20, formaram, nesta quarta-feira (2), uma roda de conversa na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia (UFMT/CUA) para debater os cortes orçamentários nas instituições federais de ensino e o restaurante universitário (R.U.) da universidade pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente referenciada. 

Na segunda-feira (7) estudantes decidirão se a manifestação e paralisação iniciada no dia 20 de abril, após informações de que a reitoria estaria decidindo acerca do aumento do restaurante universitário e implementação da nova política de alimentação nos campi, se findará ou ainda se o movimento continua. 

Araújo citou o manifesto da juventude Argentina de Córdoba em junho de 1918. A chamada Reforma de Córdoba é considerada um marco fundacional de um projeto de universidade latino-americano, que influenciou a organização das instituições em todo continente, reforçando, a autonomia universitária, a liberdade de pensamento, a extensão e a democracia. 

Segundo ele, houve ampla participação de todos os seguimentos, que compõe a comunidade acadêmica, como delimitadoras da função social da universidade.

Universidade Pública 

De acordo com o presidente sindical, em 2014 um aluno da universidade pública custava ao governo aproximadamente R$ 1.980,00, e atualmente, o valor por estudante não chega a R$ 1.500,00. Um corte de 25% em investimento nas universidades. 

As mudanças começam a traduzir a intenção de sucateamento das universidades públicas e consequentemente sua privatização. Informa ainda que, no ano de 2017 foram efetuados cortes em torno de 93 milhões de reais na UFMT, sendo a receita estimada para o referido ano o valor de quase 850 milhões de acordo com o plano orçamentário anual da universidade.

Uma das questões discutida na conversa foi a importância das universidades públicas em relação às pesquisas, que vem sendo desenvolvidas no Brasil. Segundo Araújo, 96% das pesquisas realizadas hoje, advém de universidades públicas, citando como por exemplo a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

A universidade pública, segundo ele, deve ser socialmente referenciada, “os professores dessa universidade têm que estar comprometidos com a melhoria de vida das pessoas da cidade”. 

O presidente da ADUFMT acrescenta que “a Universidade pública brasileira tem uma importância não só para garantir que jovens possam sonhar em fazer um curso superior, ela tem uma importância para a população” ressaltou. 

Negociação

 Sobre o movimento de paralisação dos estudantes, o presidente sindical destacou que “eles [reitoria] estão falando em fazer comissões por campus, na minha opinião deve ser uma só comissão com representantes de cada campus e mesmo assim, quem for representante deve ficar muito atento”. Para ele as assembleias ocorridas nos campi são inviáveis, “eles chegam mostram um monte de números, não escuta as pessoas” salientou.

Reginaldo apoia o movimento estudantil, para ele a manifestação do campus Araguaia tem sido um exemplo a ser seguido por outros campi. “Isso reverbera para o país inteiro, daqui a 10 anos terá gente falando” frisou.