Funai e Núcleo de Produção Digital da UFMT realizam evento sobre cultura indígena 'Visualidades: antropologia visual em foco'



Cultura

Agência Focaia
Redação
Barbara Argolo

   Foto: João Paulo               
Jornalista e antropóloga, Ana Caroline faz apresentação de imagens
sobre cultura indígena de diversos países

O Núcleo de produção digital (NPD) em parceria com a Funai promoveu, na última quarta-feira (17) na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia, o Workshop com tema “Visualidades: antropologia visual em foco”, ministrado pela jornalista e antropóloga Ana Caroline de Lima, com participação do Cacique Mariano e o indigenista e produtor cultural Alexandre Lemos. A antropóloga contou um pouco de sua trajetória através da fotografia de diversos povos ao redor do mundo.
De acordo com a antropóloga o objetivo da exposição é dar visibilidade aos povos originários para que o brasileiro conheça a cultura da qual é descendente e a respeite. Ressaltou ainda que teve um retorno positivo dos próprios Xavantes, “eles ficaram muito felizes com as fotos, e isso me recompensa de uma forma muito grande”.
O acesso aos indígenas Xavantes em Barra do Garças se deu através do produtor cultural, indigenista, Alexandre Lemos, que apresentou a antropóloga Ana Caroline o artesanato produzido pela mulher Xavante e a dificuldade para produção. Ana enfatiza a dificuldade no acesso da matéria prima para produção do artesanato. “O pessoal de fora e do Brasil não tem ideia de como é feito, acha que é só tecer e pronto, mas a mulherada sai pra coletar buriti sozinha, leva muito tempo pra fazer” ressalta. 

Para finalizar o trabalho e transformá-lo em exposição, a jornalista levou aproximadamente três meses, entre a elaboração do projeto, pesquisas sobre os povos originários, a execução e, posteriormente, a edição e escolha das fotos, que se transformariam na exposição, denominada de “Cultura Buriti Höimanadzé Duré Ui’Wede”.  


Antes de trabalhar com os povos indígenas do Brasil, a jornalista viajou o mundo montando um portfólio, visitando diversos países como Argentina, Bolívia, Butão, Camboja, Chile, China, Equador, Holanda, Índia, Itália, Paraguai, Peru, Suíça, Tailândia. Lima fotografou diferentes povos e culturas. O trabalho, segundo ela, já foi exposto em lugares com o Getty Museum de Londres e o Museu Teutloff na Alemanha.
      Foto: João Paulo

Lima conta com entusiasmo as experiências que viveu durante os mais de 5 anos 
de trabalho como jornalista e antropóloga visual
 
 
A jornalista evidencia que, tendo visitado diversos países e aldeias, o que falta ao brasileiro é conhecimento sobre a cultura indígena. Porque, segundo ela, existe um “distanciamento e falta de interesse em conhecer a cultura do índio, e, quanto mais distante, menos as pessoas se importam”. Destacou ainda que “se formos traçar um paralelo entre os indígenas (de outros países) sul-americanos com os indígenas brasileiros é muito diferente, porque aqui no Brasil, infelizmente, existe uma segregação muito grande”.