Evasão em mestrado chega a 70%

Imagem: posgraduando
Baixo valor de bolsa e exigências de trabalho levam aluno a desistir de programa de pós
DHIEGO MAIA

A pressão do mercado de trabalho e o baixo valor das bolsas para pesquisa fazem com que os índices de evasão em programas de mestrado sejam consideráveis. Isso acontece mesmo nas dez universidades mais bem colocadas no ranking de pesquisa científica do RUF (Ranking Universitário Folha).

Os cursos da pós-graduação mais afetados pela evasão são os de engenharia, tecnologia e ciências médicas.

O levantamento mostra universidades com índices acima de 10% como USP (Universidade de São Paulo) e Ufscar (Universidade Federal de São Carlos).
A maior taxa de evasão foi registrada no programa de matemática aplicada e computacional da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), com 70%.

Na avaliação de pró-reitores de graduação, o baixo valor das bolsas concedidas aos estudantes explica em grande parte os índices de abandono. O valor é de R$ 1.500 para cursos de mestrado e R$ 2.200 no doutorado.

Na Unicamp, a falta delas foi a responsável pelo alto índice de evasão, diz a pró-reitora Ítala D'Ottaviano. Ela diz que a instituição disponibilizou "bolsas emergenciais para reter os alunos".

É considerado evasão quando o aluno abandona ou pede desligamento do curso. O aluno também pode ser forçado a deixar a pesquisa por não atender aos critérios de ensino, por exemplo.

Para especialistas, as oportunidades no mercado de trabalho também são fortes causas de evasão.

"O mestrando é mais jovem e mais sujeito a ficar balançado com as propostas de trabalho. Quem faz um doutorado tem maturidade suficiente para não desistir por qualquer coisa", diz Vladimir Pinheiro, pró-reitor da pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A bancária Ângela Pereira, 37, tentou concluir um mestrado profissional em matemática pela Unesp (Universidade Estadual Paulista).

As aulas ocorriam às sextas-feiras. Para estar presente, ela viajava 200 km de Guarulhos, onde mora, até Rio Claro, no interior de São Paulo. "No começo fui conciliando o mestrado com as folgas acumuladas que eu tinha no banco. Quando elas acabaram, não tive mais como deixar o trabalho."

Pereira conta que o seu mestrado era modular. Quando ela perdia um dia de aula, era difícil acompanhar o ritmo da turma na semana seguinte. "Virou uma bola de neve".

Fonte: FSP

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