Sinop, 2 de agosto de 2013.
À MAGNÍFICA SENHORA REITORA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PROFa. DRa MARIA
LÚCIA CAVALLI NEDER
Os professores do campus de Sinop associados
ao Sindicato dos Docentes da Universidade Federal de Mato-Grosso (ADUFMAT/Sinop)
vêm, perante Vossa Magnificência, por meio de carta pública, solicitar
providências formais relacionadas à paralisação dos discentes de nosso campus.
É de nosso interesse maior o restabelecimento da rotina de atividades normais
do campus, que só será restabelecida em face de um acordo entre o movimento
discente e Vossa Magnificência. Assim, vimos publicamente pedir que considere a
causa estudantil do campus de Sinop, tratando com a devida justiça e urgência
todas as questões explicitadas pelo movimento, de forma a promover o
restabelecimento da normalidade nas atividades do campus.
No dia
22 de julho último, os alunos do Campus de Sinop iniciaram a paralisação,
reivindicando atendimento de diversos pontos, dentre os quais existem tanto
aqueles que são específicos da pauta discente, quanto vários que são comuns às
reivindicações docentes para este campus. É importante analisar, neste momento,
a evolução dos fatos recentemente ocorridos no Campus de Sinop, dado o alcance
que tiveram, e esclarecer o envolvimento de todos os seguimentos desta
comunidade ao longo do processo.
Nosso
campus apresenta diversas dificuldades que neste momento se evidenciam, mas que
na verdade são problemas de longo prazo. Houve, num primeiro momento, uma
grande manifestação por parte dos docentes, indignados com a proposta de
alteração de encargos didáticos sugerida pela PROEG no início de junho. Naquele
momento, foi elaborada pelos docentes do campus uma carta de repúdio, carta
essa que foi assinada pela maioria dos docentes de nosso campus, foi amplamente
divulgada pelo Sindicato ADUFMAT e segue como anexo a este documento (anexo 1),
marcando o início de um movimento de insatisfação generalizada que marca este
momento da instituição.
É
importante dizer que, independentemente deste movimento, outro foi iniciado a
partir da manifestação de insatisfação do prof. Mário M. Sugizaki, em 28 de
junho, expondo dificuldades encontradas pela grande maioria dos professores na
execução de suas tarefas (anexo 2). Este manifesto determinou a retomada da
pauta local de reivindicações, que havia sido protelada desde a última greve. Várias
reuniões foram realizadas e ainda estão em curso desde então ações que foram
discutidas entre os docentes e com a administração, entre as quais a criação do
Conselho Administrativo do Campus, com o intuito de aumentar a transparência
das decisões e dinamizar a gestão local. Os docentes tiveram reunião com os
pró-reitores e com o reitor em exercício em 17 de julho, quando foram
estabelecidas metas de curto, médio e longo prazo e há a expectativa de
negociação efetiva, uma vez que Vossa Magnificência se comprometeu a comparecer
no campus e conversar com os três Institutos nos próximos dias 21, 22 e 23 de
agosto.
É importante enfatizar que nós,
docentes, não estamos parados, ao contrário, estamos trabalhando, e inclusive
muitos de nós continuamos seguindo a rotina dos dias letivos normais e nos
encaminhamos para as nossas salas de aulas e não temos nenhum aluno! Sendo
assim, estamos impedidos de dar aulas pela paralisação discente.
E os
alunos, que já vinham se organizando em face de todos os problemas enfrentados
por eles no nosso campus e diante das últimas situações citadas anteriormente,
decidiram-se então a pressionar a reitoria da UFMT de forma mais incisiva, através
de uma paralisação, na angústia de ver as necessidades mais prementes deles
serem atendidas. A assembleia discente de 30 de julho foi de uma mobilização
histórica em nosso campus, contando com a participação de mais de 800 alunos
que decidiram por manter a paralisação, respaldados pela Decisão no
34/13 - CONSEPE, de 29 de julho, que recomenda a reprogramação e reposição de
atividades após o término da paralisação. Ao longo desta paralisação nossos
alunos têm sido expostos a diversas dificuldades: viajaram para Cuiabá, vários
têm dormido ao relento, esforçam-se continuamente no sentido de promover maior
articulação e manter o diálogo interno —esforços estes dignos de nossa mais
sincera admiração e respeito. Apesar das reuniões que já
foram realizadas com Vossa Magnificência, nossos alunos buscam no momento
garantias mais concretas de que os itens de sua pauta (anexo 3) serão
atendidos.
Considerando
que nós docentes validamos o movimento discente em suas reivindicações, e
entendemos que a maioria delas também o são de outros segmentos da comunidade
acadêmica, considerando que os discentes são a motivação maior da existência
desta universidade, vimos solicitar de Vossa Magnificência que mantenha o
diálogo com o movimento discente e considere a viabilidade de atendimento
urgente das pautas colocadas, uma vez que a paralisação não terminará até que
os discentes entendam que suas reivindicações foram analisadas com justiça e
dentro das possibilidades reais existentes. Nós, docentes, percebemos nas
palavras e na postura de nossos alunos que nada além de vosso comprometimento
concreto com o cumprimento das pautas já apresentadas será capaz de por fim ao
movimento e por isso vimos neste instrumento pedir veementemente de Vossa
Magnificência que envide os maiores esforços possíveis neste sentido.
Certos de contar com vossa
compreensão e diligência, despedimo-nos.
Respeitosamente,
Assinam este documento todos os
docentes do Campus de Sinop, sindicalizados ou não, que compareceram à reunião
realizada em 31 de julho às 9h conforme anexo 4. Todos os professores
sindicalizados que não puderam comparecer à reunião tiveram acesso ao teor do
documento e alguns contribuíram efetivamente na elaboração do mesmo.