O próximo presidente do Brasil

Por Antonio S. Silva

O quadro para a representação máxima brasileira passa por um déficit na ordem de pensamento político, em meio a um Congresso que prefere viajar de avião a exatamente articular um Brasil para transformações políticas e econômicas. O PT tem uma dura missão: fazer o governo de Dilma Rousseff observar que existem partidos com suas ideologias



Os marqueteiros estão animados, na expectativa de que disputa eleitoral de 2014 renda mais (ainda) dividendo do que as eleições anteriores, com um quadro polarizado entre reeleição de Dilma Rousseff e a oposição, hoje postulada por Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (Rede) e Eduardo Campos (PSB) – àqueles com possibilidade de vitória. Realmente, se observadas os erros cometidos pelo Planalto nas respostas aos movimentos sociais, os sinais são para uma disputa mais acirrada do que se esperaria tempos atrás.

Ainda assim, cabe avaliar se realmente Rousseff não conseguirá mudar o quadro de insatisfações com o governo, principalmente pelos populares, que observam a presidente eleita pelos trabalhadores acenar com desenvoltura para um mercado concentrador de riquezas, advindos dos países centrais com ramificação no Brasil.

O titubear do ministério da comunicação em não propor discussão sobre a concentração dos meios de comunicação atinge o governo, sobretudo, no meio intelectual brasileiro, os chamados formadores de opinião. O tempo em que os grandes jornais decidiam as eleições já vai distante, apesar de sua importância. A comunicação surfam nas ondas intra-sociedade, cada vez mais.

A reforma agrária é outro ponto frágil de Dilma Rousseff, com discussões no interior do Brasil, sobretudo. A ministra-chefe da casa Civil, Gleisi Helena Hoffmann, sendo com frequência criticada pelo conservadorismo e falta de competência para tratar de um assunto de tensão, que envolve a base e as cores do partido dos trabalhadores. Em jogo as questões sociais.

Ainda mais, a falta de comunicação do governo com os aliados e aproximação equivocada e tênue entre “Presidenta” e Fernando Henrique Cardoso. Este ícone da oposição e sutil no seu discurso político, adorado pela grande mídia.

Sobre a oposição


Apesar de tudo isso, seria necessária compreender o apetite da oposição e sua aceitação. Quais são as propostas sociais do tucano Aécio Neves? Até o momento está mais embalado pelas apresentações de FHC na mídia, que demonstra sua incontestável capacidade de articular palavras, como ex-presidente e de sua performance intelectual – com livro sobre política recém-publicado.

O mineiro com cara e jeito de garotão não consegue embalar movimentos de rua, além do que o seu apetite não se revela o mesmo daqueles que passam dificuldades no cotidiano – embalados por baixos salários.

Marina Silva em meio à rede precisa definir qual a sua visão de mundo e o papel de um presente do maior país da América Latina. Suas afirmações são politicamente aceitas, mas são viáveis em um mundo sem ilusões da prática? Precisa demonstrar seu pragmatismo político, sem apenas revelar-se uma promessa para o futuro.

Eduardo Campos antes governo governo, agora ataca de oposição. Perde tempo em não colocar sua charanga na rua. Talvez falte a certeza sobre a que rumo tomar. Caminha ao lado dos donos do PIB brasileiro ou sinalizará para sua herança política socializante? Nas pesquisas se arrasta com dificuldades e precisa se tornar conhecido no meio do eleitor nacional e não somente da região norte-nordeste.

Sem mágica

O quadro para a representação máxima brasileira passa por um déficit na ordem de pensamento político, em meio a um Congresso que prefere viajar de avião a exatamente articular um Brasil para transformações políticas e econômicas. O PT tem uma dura missão: fazer o governo de Dilma Rousseff observar que existem partidos com suas ideologias, os quais abrigam seus representantes e são indispensáveis – correndo o risco de evaporar-se.

A política não se resolve como mágica, como bem sabe aproveitar disso a elite econômica nacional – onde está o regozijo e a perda de representação.

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Antonio S. Silva é professor da UFMT, Campus Araguaia.