Mas resta uma questão: o chavismo acabou? Uma
discussão que somente o tempo pode revelar, dependendo ainda das condições de
resistência da população, ações políticas das nações aliadas da América Latina
Há uma divisão político-econômica-ideológica no mundo com a morte de Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Para alguns, a América Latina vai poder respirar finalmente com o eficiente modelo econômico mundial, sem a presença do líder provocador e emblemático. Para outros, o que será da região sem uma voz que possa contrapor aos discursos e ações dos chamados países civilizados. Isto simplesmente porque ascenderam ao mundo do desenvolvimento capitalista, mesmo considerando a produção de pobres interna e externamente.
No final, as duas partes tem
dúvidas e certezas. Haverá a partir de agora o surgimento de pressões sobre o
país venezuelano para que faça abertura econômica, importando produtos das
nações ricas, como Estados Unidos e países Europeus, como Inglaterra, Alemanha,
França, etc.
Por mais estranho que possa
parecer, diante de um enfrentamento político de anos, com o mito Chávez, a
proposta dos países da ordem mundial é exatamente agir politicamente na
Venezuela, que é rica em petróleo, mas com uma população com cultura nativa
forte. Embora este seja ainda um momento de lamentações populares, a comunidade
chavista sinaliza estar se preparando contra a política de intervenção externa.
Do outro lado, porém, o canal de
comunicação para as mudanças na política nacional já tem nomes e vem sendo
organizado antes mesmo da morte do presidente. Certamente, há a participação de
políticos e grupos econômicos criando estratégias para atingir os objetivos
liberais, importadas do Brasil.
Mas resta uma questão: o chavismo
acabou? Uma discussão que somente o tempo pode revelar, dependendo ainda das
condições de resistência da população, ações políticas das nações aliadas da
América Latina, como Argentina, Brasil, Equador, Bolívia e Cuba. Evidentemente,
a estratégias externas de convencimento das benesses do capitalismo vai
interferir neste imbróglio.
Assim, pode-se observar que a
morte de Chávez coloca em alerta a política na região, que esteve sempre dividida
entre os que querem a abertura econômica de maneira irrestrita já, e os
contrários, de maneira veemente.
Os grandes jornais terão muito
mais trabalho, neste momento de mudanças, de exercer o seu papel de
convencimento dos tupiniquins, que a única saída para o mundo é a economia
liberal. Talvez pudesse dizer que os líderes que resistem terão o mesmo fim: o
desgaste físico e político para uma sociedade que encontrou o fim da história.
Será?
Antonio Silva é Jornalista e professor universitário (UFMT - Barra do Garças).