A simbologia do ornamento: a moda cultural do xavante e seus significados culturais

Cultura Xavante

Agência Focaia
Redação
Gabriel Green Fusari 



Índios xavantes durante dança no evento ICHS Interativo, realizado
 na UFMT Araguaia, unidade de Barra do Garças.


Acostumada a vida ocidental, a população moderna convive diariamente com suas linguagens e vestuários que reproduzem seus valores e cultura, de modo a se expressar dentro da comunidade, deixando suas marcas. Ainda que existam diferenças no modo de expressão entre grupos sociais, haverá sempre uma proximidade na sociedade urbana, pois ela se relaciona com uma indústria cultural que produz e constrói modelos de comportamento e valores.

No Brasil, no entanto, a multiculturalidade existente torna a sociedade uma paisagem, impedida de observar com atenção o universo de expressão de muitas tribos sociais, entre elas a dos indígenas, que são os povos originários do país. Particularmente os Xavante, na região do Araguaia, trazem significados em suas vestimentas, revelando seus valores e tradições, que ganham um peso histórico e de resistência ao aculturamento, cujos valores vem se fortalecendo ao longo do tempo.

Seus acessórios expressam fielmente cada característica de suas cerimônias e eventos, como é o caso da Danhurédzula, que é uma gravata feita com lãs e penas, semelhante a caracterização social, equivalente a alta costura para eles (foto ao lado).  “Sua confecção é feita pelos homens após as mulheres tecerem a estrutura da gravata,” comenta o Cacique José Maria Tse'enhodi, um dos representantes dos Xavante em Barra do Garças,  que participaram da III Edição do ICHS InterAtivo, focado na temática indígena, realizado na UFMT, Campus Araguaia, na unidade de Barra do Garças.

Outra peça que se caracteriza como traje de gala é a Imbira ou Weclinhorõ, sendo pulseiras e tornozeleiras de uso obrigatório em celebrações, representando a beleza do povo originário. Os “pauzinhos na orelha”, como se observa em alguns membros da comunidade Xavante, chamados de Wedehu, fazem parte do vestuário masculino e representam maturidade, responsabilidade, ordem e maioridade em sua cultura. O uso é feito em um ritual, em que eles são preparados por um longo tempo, como iniciação à idade adulta.

A maquiagem para as festas é fundamental feita de urucum e wedero (carvão), e se transformam em ícones da cultura indígena, reproduzidos e conhecidos pela maioria das pessoas como marcas de sua identidade e cultura. Seu significado não difere muito da Imbira, cuja pintura quadrada feita na barriga tem como definição o apadrinhamento dos jovens.

O vestuário dos Xavante também mescla peças da cultura do “homem não-indígena” em seus trajes. Eles utilizam em suas celebrações shorts tradicionais de cor vermelha, porém, revelando a manutenção de sua tradição na mescla de culturas, seja no espaço público ou nos seus próprios rituais, nas comunidades.

As particularidades das comunidades indígenas são extensas, na busca de manter seus costumes e culturas, que se revelam nos vestuários, que demonstra complexidade e linguagens pertencentes aos seus ancestrais e comportamento, que resultam em sua identidade e reconhecimento. 

Muitas vezes pelo "preconceito" e distanciamento da população de cultura ocidental, os xavante se reinventam dentro de seus hábitos, substituindo o estigma cultural por orgulho em ser quem são, mas não deixando de se atualizar com o mundo, resumiu o Cacique José Maria, durante a palestra do ICHS.