Facebook mantém censura a nudez para jornais

Folha de São Paulo

NELSON DE SÁ

 Regra vale para o Instant Articles, em que veículos publicam reportagens na rede social

Lançado na quarta-feira (13), o projeto Instant Articles, do Facebook, para publicar na plataforma reportagens do jornal "The New York Times", do "BuzzFeed" e de mais sete veículos americanos e europeus, não poderá incluir nudez ou "ameaça direta à segurança pública".

"Esse conteúdo não é tratado de forma diferente de todos os outros publicados no Facebook", afirmou a assessoria de imprensa da rede social. "Solicitamos que todo conteúdo publicado diretamente obedeça aos nossos Padrões da Comunidade."

Os padrões listados pela plataforma são agora menos restritivos, após uma série de controvérsias --uma delas em torno da remoção do perfil da revista "The New Yorker", em 2012, por um cartum em que apareciam os mamilos de uma mulher desenhada.

Sobre nudez o Facebook faz hoje, entre outros avisos: "Restringimos algumas imagens de seios que mostram os mamilos. Removemos fotos com foco em nádegas totalmente expostas [e] descrições de atos sexuais que exponham detalhes vívidos".

A rede se justifica e até se desculpa antecipadamente: "Alguns públicos podem ser mais sensíveis a esse tipo de conteúdo. Nossas políticas podem ser mais duras do que gostaríamos e restringir conteúdos compartilhados com objetivos legítimos".

Em questão sensível para o jornalismo, os padrões do Facebook também alertam: "Removemos ameaças reais feitas a figuras públicas, bem como discursos de ódio direcionados a elas". E remetem a "ferramentas para [o usuário] evitar conteúdos ofensivos".

O site "Gawker", que não entrou na primeira lista de organizações jornalísticas do Instant Articles, questionou a cobertura de imprensa do lançamento por "omitir" que o Facebook, com seus Padrões da Comunidade, não tem nada de "neutro" quanto ao conteúdo jornalístico.

O próprio "NYT" perguntou, num texto: "O que acontece quando editores decidirem que o certo, jornalisticamente, é mostrar foto com seios que o Facebook não permita?". Não respondeu, mas anotou que "é por isso que nenhum veículo quer se tornar dependente da rede".